Formação continuada e governo sem papel: por que modernizar o serviço público aumenta a produtividade e melhora a vida do munícipe no Rio Grande do Norte?
- Alan Gomes Cardim

- 5 de set.
- 6 min de leitura
A rotina do serviço público mudou. O cidadão — o munícipe — espera respostas rápidas, serviços digitais simples e transparência. Para chegar lá, dois movimentos precisam caminhar juntos: formação continuada dos servidores (do Executivo e do Legislativo) e modernização dos processos com softwares de gestão que eliminem o papel e gerem dados confiáveis. No Rio Grande do Norte, onde instituições do Judiciário já tramitam eletronicamente e câmaras municipais avançam com soluções do Interlegis, o caminho está aberto para que prefeituras e assembleias acelerem essa transformação e entreguem mais, em menos tempo e com mais economia.
“Os analfabetos do século XXI não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender.” — Alvin Toffler
A frase acima resume o espírito da formação continuada. Não basta um curso isolado: é preciso criar uma cultura permanente de aprendizagem que acompanhe as mudanças na legislação (como a Lei do Governo Digital e a LGPD), nas tecnologias e, sobretudo, nas expectativas do cidadão.
Por que a formação continuada é estratégica para o Executivo e o Legislativo
Atualiza competências essenciais: letramento digital, análise de dados, atendimento centrado no usuário, segurança da informação e gestão por processos.
Reduz erros e retrabalho: servidores capacitados conhecem rotinas e integrações dos sistemas digitais, padronizam procedimentos e registram corretamente as informações.
Aumenta a transparência e a conformidade: a Lei de Acesso à Informação (LAI) e a LGPD exigem rotinas claras de guarda, compartilhamento e proteção de dados — algo que se aprende e se pratica continuamente.
Melhora a colaboração entre poderes: quando Executivo e Legislativo dominam os mesmos conceitos (processos, indicadores, assinaturas digitais, versões de documentos), a tramitação de projetos, emendas e prestações de contas fica mais previsível e ágil.
Valoriza a carreira: trilhas de desenvolvimento vinculadas a metas e resultados aumentam motivação e criam um ambiente de melhoria contínua.
“Transformação digital é, antes de tudo, transformação de pessoas.” — ideia amplamente adotada em programas de capacitação pública (ENAP)
No Brasil, a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoas (Decreto 9.991/2019) reconhece a aprendizagem como ferramenta para aumentar a efetividade do Estado, e a Lei do Governo Digital (Lei 14.129/2021) reforça princípios como foco no usuário, simplificação e digitalização de serviços — diretrizes que só viram realidade quando as equipes estão preparadas.
Modernização sem papel: como softwares de gestão entregam mais por menos
A segunda perna dessa agenda é tecnológica: substituir processos em papel por fluxos digitais rastreáveis, com assinaturas eletrônicas, trâmites padronizados e dados abertos para gestão. No Judiciário, o Processo Judicial Eletrônico (PJe), do CNJ, já mostrou que a tramitação eletrônica acelera prazos, reduz custos logísticos e facilita o acompanhamento pelos cidadãos. No Executivo, soluções como o eSipe (Sistema Interno de Processos Eletrônicos), desenvolvido pela WebNets e adotado por órgãos das três esferas, organizam processos administrativos ponta a ponta, do protocolo à decisão, com trilhas de auditoria e assinatura eletrônica. No Legislativo, muitas câmaras municipais utilizam o SAPL (Interlegis/Senado) para dar transparência e controle ao processo legislativo, do protocolo de proposições à publicação de normas.
Quais são os ganhos práticos?
Produtividade: o tempo de circulação de documentos cai de dias para minutos; a assinatura digital elimina deslocamentos físicos; a busca por informação passa a ser instantânea.
Economia: menos papel, impressão, transporte e armazenamento; menos perda de documentos; menos horas gastas em atividades repetitivas.
Qualidade e controle: versão única do documento, histórico completo de alterações, prazos com alertas, indicadores em tempo real.
Transparência e confiança: facilitação do acesso à informação e publicação automática de atos; cidadãos e órgãos de controle acompanham o status dos processos.
Sustentabilidade: redução do consumo de papel e da pegada ambiental do Estado.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) define governo digital como o uso de tecnologias “como parte integrante das estratégias de modernização dos governos, para criar valor público”. Em linguagem simples: digitalizar para gerar resultados que importam para a população, com mais eficiência e confiança.
O que isso significa para o munícipe
Menos filas e deslocamentos: serviços digitais e assinaturas eletrônicas evitam várias idas à prefeitura ou à Câmara.
Respostas mais rápidas: prazos menores porque os processos não “se perdem” em gavetas; existem responsáveis, etapas e indicadores claros.
Linguagem simples e serviços centrados no usuário: a Lei do Governo Digital traz o princípio do “foco no usuário”, estimulando formulários curtos, canais acessíveis e acompanhamento pelo celular.
Mais transparência: portais de processos e do processo legislativo permitem acompanhar solicitações, projetos de lei e despesas públicas sem burocracia.
Inclusão: com capacitação adequada, agentes públicos atendem melhor tanto quem domina tecnologia quanto quem precisa de apoio presencial.
Referências do Rio Grande do Norte
O RN tem ativos importantes que podem inspirar prefeituras e o Legislativo municipal:
O Tribunal de Justiça do RN opera com o PJe, acompanhando a diretriz nacional do CNJ para tramitação eletrônica de processos — um exemplo concreto de ganho de velocidade e rastreabilidade.
Diversas câmaras municipais do estado utilizam o SAPL, do Interlegis/Senado, para organizar o processo legislativo, publicar proposições e atos, e ampliar a transparência.
A experiência potiguar com sistemas integrados em instituições públicas de ensino e justiça demonstra que a cultura de processos digitais é viável e traz benefícios de longo prazo, inclusive na relação com o cidadão.
Diversas prefeituras do Estado já utilizam os sistemas da WebNets, como o de gestão de protocolos e documentos, portal da transparência, diário oficial, ouvidoria e zeladoria e e-mails institucionais.
Esses casos mostram que o ecossistema local já convive com ferramentas maduras. O passo seguinte é integrar Executivo e Legislativo municipais em rotinas “sem papel”, com servidores capacitados para operar e melhorar continuamente os fluxos.
Um roteiro prático para prefeituras e câmaras no RN
Diagnóstico rápido (30–60 dias)
Mapeie 10 a 20 processos críticos (ex.: licenciamento, alvarás, compras, tramitação de projetos de lei).
Levante custos atuais: papel, impressão, deslocamentos, tempo médio de tramitação, taxa de retrabalho.
Formação continuada
Crie trilhas por perfis: atendimento, gestão, jurídico, TI, controle interno e gabinetes parlamentares.
Temas essenciais: governo digital (Lei 14.129/2021), LAI, LGPD, gestão por processos, design de serviços e uso básico de dados.
Use cursos gratuitos e reconhecidos (ENAP, TCU, TCE, Senado/Interlegis) e complemente com oficinas práticas sobre os sistemas escolhidos.
Escolha e adoção de softwares
Processo administrativo: avaliar WebNets – eSipe, eOuve, eCrie e eMail (amplamente adotado), ou outro sistema equivalente que suporte assinaturas digitais, tramitação e relatórios.
Processo legislativo: adotar/fortalecer SAPL para proposições, comissões, sessões e publicações.
Integrações: assinatura ICP-Brasil e login único; publicação automática no Portal da Transparência.
Comece pequeno: coloque 3 processos de alto volume totalmente digitais e expanda em ciclos trimestrais.
Governança e segurança
Padronize modelos de documentos e manuais de tramitação.
Defina papéis e níveis de acesso; aplique LGPD (minimização de dados, bases legais, guarda e descarte).
Crie painel de indicadores: tempo médio por etapa, número de retrabalhos, pedidos em atraso, satisfação do usuário.
Gestão da mudança
Comunicação simples e contínua com os servidores e com a população, destacando benefícios e novos canais de atendimento.
Patrocínio de lideranças do Executivo e do Legislativo para destravar barreiras e priorizar a agenda.
Reconhecimento: celebre equipes que reduzirem prazos, aumentarem a qualidade e publicarem dados úteis ao cidadão.
Entrega de valor ao munícipe
Disponibilize serviços prioritários no celular e com linguagem clara.
Ofereça apoio presencial assistido nos primeiros meses, para garantir inclusão.
Colete feedback do cidadão e ajuste continuamente os serviços.
Formação continuada e modernização digital não são “moda”: são bases de um serviço público mais produtivo, econômico e transparente. No Rio Grande do Norte, os exemplos já existentes — processos eletrônicos no Judiciário, adoção de ferramentas legislativas e consolidação de portais de transparência — mostram que é possível dar o próximo passo nos municípios. Quando Executivo e Legislativo aprendem continuamente e trabalham com processos digitais sem papel, quem ganha é o munícipe: menos burocracia, mais velocidade e confiança renovada no poder público.
“O uso de tecnologias digitais, como parte integrante das estratégias de modernização dos governos, visa criar valor público.” — OCDE
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Referências
Brasil. Lei nº 14.129, de 29 de março de 2021 (Lei do Governo Digital). https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14129.htm
Brasil. Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação – LAI). https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/L12527.htm
Brasil. Decreto nº 9.991, de 28 de agosto de 2019 (Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoas – PNDP). https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9991.htm
OCDE. Recommendation of the Council on Digital Government Strategies (2014). https://www.oecd.org/gov/digital-government/recommendation-on-digital-government-strategies.htm
Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Processo Judicial Eletrônico (PJe). https://www.cnj.jus.br/pje/
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN). Portal institucional. https://www.tjrn.jus.br/
Interlegis/Senado Federal. SAPL – Sistema de Apoio ao Processo Legislativo. https://www.interlegis.leg.br/produtos/sapl
TRF4. Sistema Eletrônico de Informações (SEI). https://www.trf4.jus.br/sei/
ENAP. Trilhas de Desenvolvimento e cursos para o serviço público. https://www.enap.gov.br/pt/educacao-executiva/trilhas
Portal da Transparência do Rio Grande do Norte. https://www.transparencia.rn.gov.br/




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